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domingo, 11 de abril de 2010

A QUINTA DA REGALEIRA - I PARTE

O Palácio da Quinta da Regaleira é o edifício principal e, a par dos túneis e poços iniciáticos, um dos lugares mais conhecido da Quinta .
Também é mutas vezes apelidado de Palácio do Monteiro dos Milhões, denominação esta associada à alcunha do seu primeiro propretário, António Augusto Carvalho Monteiro. O Palácio encontra-se situado na encosta da serra de Sintra e está, desde 2002, classificado como imóvel de interesse público.

Carvalho Monteiro, ajudado pelo arquitecto italiano Luigi Manini, conseguiu construir na sua quinta de 4 hectares, o palácio, os jardins luxuriantes, os lagos, as grutas e os edifícios enigmáticos. Todos estes lugares escondem significados relacionados com a Alquimia, a Maçonaria, os Templários e o Rosacrucismo. De salientar que a construção da quinta assenta em traçados que evocam a arquitectura românica, gótica, renascentista e manuelina.
Inserida num micro-clima quase único e característico da serra de Sintra, a quinta possui luxuriantes jardins e os nevoeiros, uma presença quase constante, adensam ainda mais a sua aura de mistério.
A documentação histórica relativa à Quinta da Regaleira é escassa antes da compra por Carvalho Monteiro, mas sabe-se todavia que, em 1697, José Leite adquiriu uma vasta propriedade no termo da vila de Sintra que corresponderia, aproximadamente, ao terreno que hoje integra a Regaleira - a esta data parecem remontar, pois, as origens de tão misterioso lugar. Francisco Alberto Guimarães de Castro comprou a propriedade - conhecida como Quinta da Torre ou do Castro - em 1715, em hasta pública e, após as licenças necessárias, canalizou a água da serra a fim de alimentar uma fonte ai existente.
Em 1800, a quinta é cedida a João António Lopes Fernandes estando logo, em 1830, na posse de Manual Bernardo, data em que tomou a designação que actualmente possui. Em 1840, a Quinta da Regaleira foi adquirida pela filha de uma grande negociante do Porto, Allen, que mais tarde foi agraciada com o título de Baronesa da Regaleira. Data provavelmente deste período a construção de uma casa de campo que é visível em algumas representações iconográficas de finais do século XIX.
A história da Regaleira mais actual principia em 1892, ano em que os barões da Regaleira vendem a propriedade ao Dr. António Augusto Carvalho Monteiro por 25 contos de réis.
O célebre "Monteiro dos Milhões" nasceu no Rio de Janeiro em 1848, filho de pais portugueses, que cedo o trouxeram para Portugal. Licenciado em Leis pela Universidade de Coimbra, Monteiro foi um distinto coleccionador e bibliófilo, detentor de uma das mais raras camonianas portuguesas, homem de cultura que decerto influenciou, se não determinou mesmo, parte bastante razoável do misterioso programa iconográfico do palácio que construiu para si, na encantada serra de Sintra.

OS MISTÉRIOS DA SERRA DE SINTRA
A mística de Sintra desperta grandes paixões e experiências que podem enriquecer qualquer pessoa que pocure, em si mesmo, ou no universo, o mistério do oculto e do alquímico.
O nome "SINTRA", provém do arábico Xentra mas também tem uma relação com a deusa lunar Cyntia, daí muitas vezes a serra de Sintra ser denominada por "O Monte da Lua" . No seu sentido mais esotérico muitas analogias se podem fazer e que vão desde o Palácio da Pena ser o palácio do Graal como na obra "Parzifa", ou a Quinta da Regaleira ser uma mansão filosofal repleta de simbologia esotérica e alquimica, enfim, as analogias como base fundamental do esoterismo são aqui intermináveis e muito imaginativas.
Nesta área e para o viajante mais curioso e filosófico, pode percorrer todo o percurso esotérico e vivenciar as energias de determinados locais em consonância com os 7 planetas alquímicos e tendo como base o seguinte percurso:

Sol - Castelo dos Mouros
Lua  - Santa Eufémia
Marte - Palácio da vila de Sintra
Mercúrio - Quinta da Regaleira
Júpiter - Palácio da Pena
Vénus - Lagoa Azul
Saturno - Peninha

Tendo conhecimento das energias envolvidas nos planetas e sua simbologia, será interessante vivenciar as energias dos locais referidos e descobrir que a analogia não é casual.
De referir ainda que Sintra , juntamente com Tomar e Sagres fazem parte de um triangulo de forças, sendo que :

Tomar - Pai - Prana
Sintra - Mãe - Fohat
Sagres - Filho - Kundalini

UM PERCURSO ESPIRITUAL E ALQUIMÍCO
O percurso pela deslumbrante Quinta, não deixa de carregar em si uma enorme aura simbólica onde nos surge uma concepção do mundo de natureza espiritual e maçónico-templária, se bem que, uma notável vertente católica e monáquica. É ainda possível detectar um percurso iniciático e geneticamente alquímico-rosacruciano.
Vamos então partir à descoberta destes ambientes tão misteriosos e abordar as diferentes perspectivas  de alguns dos seguintes elementos:

No tecto do escritório encontramos uma pintura com as três graças maçónicas, Força, Sabedoria e Beleza, os três pilares da maçonaria de São João.
A sala de Caça do Palácio revela-se um verdadeiro templo maçónico; A Oriente, lugar de onde vem a luz e a sabedoria, a Sofia. A Norte (a coluna dos Aprendizes) com Monteiro segurando os dois cães. A Ocidente, onde a luz morre, a cabeça de um veado, e a Sul, onde o aprendiz passará a companheiro, a presa que será caçada através da busa do iniciado.
A Capela ostenta logo à entrada um triângulo com o olho de Deus - o "Delta Luminoso" na termiologia maçónica - com a Ordem de Cristo.  No chão temos as cruzes templárias cercadas por estrelas de oito pontas e pentagramas. À entrada para a criptra existe uma porta com um pentagrama e a cripta - com um altar debaixo do altar da Capela - têm um ladrilhado alternado a preto e branco , tal como  pavimento mosaico do templo maçonico.
Passando pelo jardim reparamos que existe um conjunto escultórico de dois bancos - numa alusão à Divina Comédia de Dante - com Beatriz ao meio e acompanhada por dois galgos (macho e fêmea) e por cinco ameias de cada lado. Estamos então em presença do "515" il messo di Dio, o mensageiro de Deus. Esta representação do enigmático "515" da Divina Comédia pode ser decifada da seguinte forma: Um dos "5" refere-se ao mundo interior da matéria, o "1" que está ligado ao mundo intermédio alma, ficando o último "5" relacionado com o mundo superior do espíito. Voltando ao conjunto escultórico, a figura central - o "1" - é Beatriz, a alma do iniciado, a Sofia que concede o Conhecimento. Os galgos simetricamente dispostos de um e de outro lado - "de Beatriz"  e separados por "5" ameias.

O PAGANISMO E A NATUREZA ALQUÍMICA - Referências ao Paganismo, uma presença forte através de inúmeras estátuas no Patamar dos Deuses, as quais a mais próxima do Palácio é a de Hermes/Mercúrio, seguida por outras como Vulcano, Baco/Dioniso, Pã, Vénus ou Orfeu. Subindo um pouco a encosta encontramos a Gruta de Leda onde se celebram os amores do rei dos deuses, Zeus, aqui disfarçado de cisne, que morde (fecunda) Leda - O Fogo Divino fecunda a Matéria. Esta analogia simbólica, não religiosa, de um tema mítico do Paganismo, está em relação directa com  alguns dogmas do Cristinismo, como é exemplo a concepção de Leda fecundada por Zeus, em oposição a Maria por "Obra e Graça de Espírito Santo". A Gruta de Leda é um dos mais importantes símbolos da natureza alquímica da Regaleira. A sua forma hexagonal, remete-nos para a estrela de seis pontas, o símbolo da união do céu e da terra.

 Continua(...)

Na II PARTE ....
"É preciso descer lucidamente os poços com degraus e reencontrar os seus estados sucessivos..."

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